O «complexo» economia –<em>média</em> – <em>sponsors</em>- desporto
A evolução internacional do desporto nestas três últimas décadas tem assumido alguns aspectos francamente negativos. Durante este período de tempo, em termos europeus, deu-se uma «explosão» de praticantes. Em Portugal, como sempre, a ausência de estudos não permite objectivar essa evolução em termos seguros, mas é visível que ela também se deu ainda que com uma expressão muito mais reduzida. Mas, se este aumento de praticantes traduz a tomada de consciência das populações e dos poderes do valor do desporto para o indivíduo, também aumentou o conjunto de fenómenos que não podem ser qualificados de positivos. O processo de democratização real está, por isso, longe de se ter alcançado. São, não só, os processos de segregação social das práticas, mas também as suas formas e conteúdos que demonstram estar o desporto longe de preencher todas as funções que devem caber-lhe.
Alguns negam esta realidade, e consideram estes fenómenos como «naturais» e pouco significativos. A visão de Coubertin é considerada como idealista e, portanto, irrealizável, e, afinal, a questão não é tão grave como muitos a pintam. Neste contexto a questão da relação do capital financeiro com o desporto constitui um novo elemento e um dos factores que mais pesou na evolução verificada.
A realidade quotidiana encarrega-se de demonstrar que a «2.ª idade do desporto», surge submetida ao serviço de interesses que não são alheios a uma alteração significativa dos «valores» orientadores da prática desportiva, em especial a que se refere aos aspectos mais espectaculares e emotivos. Muitos são os autores que, para além de considerarem que o desporto vive um momento crucial quanto ao seu futuro, também entendem que ele está a sofrer um processo de desvirtuamento acelerado como actividade cultural, social e formativa. De facto, para muitos o desporto passou a constituir uma indústria (referimo-nos a todo o desporto) e as suas práticas mais não são do que meros negócios de que há que retirar o máximo lucro.
Degradação de valores
A referência à existência do «complexo» empresas, órgãos de comunicação social e desporto, é aqui considerada como uma das causas essenciais da degradação da prática desportiva. Este «complexo» significa, no fundo, que se tem estado a estabelecer uma rede de relações directas e indirectas entre aquelas três áreas, escapando, cada vez mais frequentemente, a qualquer tipo de controle. Basta ver a vastidão dos escândalos de vária ordem que têm rebentado por todo o lado [corrupção, fuga ao fisco, lavagem de dinheiro, negócios obscuros envolvendo verbas fabulosas de que se desconhece a origem, etc.].
Esta sucessão de «casos» tem levado a que a própria estrutura desportiva recorra a meios exteriores (tribunais) violando uma das suas mais fortes tradições. Mas estes escândalos constituem somente a ponta do iceberg, representado na actualidade pela situação, em agravamento, dos clubes e praticantes devido à utilização não controlada do desporto por certos sectores do mercado.
A atitude clássica de fechamento da estrutura desportiva (clubes, federações nacionais, federações internacionais) sobre si própria, tem dificultado a resolução de alguns problemas centrais. A antiga função de regulação das instâncias federativas nacionais e internacionais e do Comité Olímpico Internacional, está em perda constante. De facto, é um grupo de empresas multinacionais que equipam (Adidas, Nike, Reebock), comercializam (Internacional Management Group., Internacional Sport and Leisure, Proserv), patrocinam (Coca Cola, Philips, Mars), ou difundem o desporto (cadeias americanas de televisão, ABS,CBS, NBS e CNN), e cadeias europeias de televisão, (Eurosport ) e nacionais em cada país, que passaram a determinar fortemente a evolução do desporto.
Este conjunto de empresas, a que se devem juntar muitas outras, constituem os elementos que, no presente, determinam, em larga medida, as características, frequência, localização, calendarização e até a própria regulamentação dos grandes acontecimentos desportivos mundiais de muitas modalidades desportivas. Naturalmente, que em termos de cada país, o processo é utilizado à escala própria de cada situação. Todavia, com maior ou menor expressão, a filosofia orientadora do processo é a mesma, contaminando a totalidade do sistema desportivo (desde a chamada alta competição até ao desporto infantil e juvenil).
A degradação dos «valores» orientadores da prática desportiva, e o agravamento dos fenómenos que a envolvem, não é, assim, uma questão inventada por quem deseja corrigir o que vai mal, ou é determinado por atitudes de natureza extra desportiva mais ou menos inconfessáveis. Esta degradação pode ser facilmente detectada através dos órgãos de informação, ou então testemunhada por aqueles que participam directamente na organização daquelas actividades. Basta estar criticamente atento aquilo que as televisões e os outros órgãos de informação nos revelam (em parte!).
Alguns negam esta realidade, e consideram estes fenómenos como «naturais» e pouco significativos. A visão de Coubertin é considerada como idealista e, portanto, irrealizável, e, afinal, a questão não é tão grave como muitos a pintam. Neste contexto a questão da relação do capital financeiro com o desporto constitui um novo elemento e um dos factores que mais pesou na evolução verificada.
A realidade quotidiana encarrega-se de demonstrar que a «2.ª idade do desporto», surge submetida ao serviço de interesses que não são alheios a uma alteração significativa dos «valores» orientadores da prática desportiva, em especial a que se refere aos aspectos mais espectaculares e emotivos. Muitos são os autores que, para além de considerarem que o desporto vive um momento crucial quanto ao seu futuro, também entendem que ele está a sofrer um processo de desvirtuamento acelerado como actividade cultural, social e formativa. De facto, para muitos o desporto passou a constituir uma indústria (referimo-nos a todo o desporto) e as suas práticas mais não são do que meros negócios de que há que retirar o máximo lucro.
Degradação de valores
A referência à existência do «complexo» empresas, órgãos de comunicação social e desporto, é aqui considerada como uma das causas essenciais da degradação da prática desportiva. Este «complexo» significa, no fundo, que se tem estado a estabelecer uma rede de relações directas e indirectas entre aquelas três áreas, escapando, cada vez mais frequentemente, a qualquer tipo de controle. Basta ver a vastidão dos escândalos de vária ordem que têm rebentado por todo o lado [corrupção, fuga ao fisco, lavagem de dinheiro, negócios obscuros envolvendo verbas fabulosas de que se desconhece a origem, etc.].
Esta sucessão de «casos» tem levado a que a própria estrutura desportiva recorra a meios exteriores (tribunais) violando uma das suas mais fortes tradições. Mas estes escândalos constituem somente a ponta do iceberg, representado na actualidade pela situação, em agravamento, dos clubes e praticantes devido à utilização não controlada do desporto por certos sectores do mercado.
A atitude clássica de fechamento da estrutura desportiva (clubes, federações nacionais, federações internacionais) sobre si própria, tem dificultado a resolução de alguns problemas centrais. A antiga função de regulação das instâncias federativas nacionais e internacionais e do Comité Olímpico Internacional, está em perda constante. De facto, é um grupo de empresas multinacionais que equipam (Adidas, Nike, Reebock), comercializam (Internacional Management Group., Internacional Sport and Leisure, Proserv), patrocinam (Coca Cola, Philips, Mars), ou difundem o desporto (cadeias americanas de televisão, ABS,CBS, NBS e CNN), e cadeias europeias de televisão, (Eurosport ) e nacionais em cada país, que passaram a determinar fortemente a evolução do desporto.
Este conjunto de empresas, a que se devem juntar muitas outras, constituem os elementos que, no presente, determinam, em larga medida, as características, frequência, localização, calendarização e até a própria regulamentação dos grandes acontecimentos desportivos mundiais de muitas modalidades desportivas. Naturalmente, que em termos de cada país, o processo é utilizado à escala própria de cada situação. Todavia, com maior ou menor expressão, a filosofia orientadora do processo é a mesma, contaminando a totalidade do sistema desportivo (desde a chamada alta competição até ao desporto infantil e juvenil).
A degradação dos «valores» orientadores da prática desportiva, e o agravamento dos fenómenos que a envolvem, não é, assim, uma questão inventada por quem deseja corrigir o que vai mal, ou é determinado por atitudes de natureza extra desportiva mais ou menos inconfessáveis. Esta degradação pode ser facilmente detectada através dos órgãos de informação, ou então testemunhada por aqueles que participam directamente na organização daquelas actividades. Basta estar criticamente atento aquilo que as televisões e os outros órgãos de informação nos revelam (em parte!).